
(by
Oswaldo Montenegro)
Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
pois metade de mim é o que eu grito
a outra metade é silêncio
...
metade de mim é partida
a outra metade é saudade
...
metade de mim é o que ouço
a outra metade é o que calo
...
que a tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
a outra metade um vulcão
Que o medo da solidão se afaste
e o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
que o espelho reflicta meu rosto num doce sorriso
...
Que a arte me aponte uma resposta
mesmo que ela mesma não saiba
e que ninguém a tente complicar
pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
...
Que a minha loucura seja perdoada
pois metade de mim é amor
e a outra metade também.