10 March, 2011

Ler os outros pode ser mais nitido e lucido que olharmo-nos ao espelho

Extraido do blog do Thi

É como aqueles títulos que martelam nossa cabeça por anos.  E passamos por livrarias, bibliotecas, shoppings e feiras. Perguntamos a amigos. Alguém já viu lá longe ou ouviu falar mais ou menos.
O primo do cunhado talvez já tenha tido quando menino.
Até que um dia ao passar à frente de uma porta pequena, como numa festa entediante da qual nada se espera, temos um clique, um chamado. Uma tensão irresistível nos pára e volta nosso olhar para o tesouro procurado há tanto.
Vamos até ele. Um tanto incrédulos; talvez seja só impressão ou uma aparência semelhante ou ainda uma adaptação alucinada

Mas SIM. É exactamente o que procurávamos. Agradam o formato, o cheiro, o tato. O conteúdo ainda só visto e revisto em nossa imaginação, nos dá água na boca. É daqueles que só a ideia nos aprimora, nos induz a andar com melhores roupas e a sermos mais educados. Depois de mãos dadas ao encanto corremos para casa.

Sentamos. Será melhor trancar a porta?
 

Com a beleza no colo, fazemos um respiração profunda e admiramos. Mas ainda não é preciso pressa.
Podemos desfrutar um sumo e boa música , antes de travar contato com todas as riquezas que temos à frente. Depois de muito curtir a presença, desempacotamos com cuidado, com paixão, com uma lenta voracidade. Embrulhos no chão, pára-se e em camera lenta, deixamo-nos apaixonar. Um alívio espalha-se desde um suspiro até todas as partes do corpo.
E mergulhamos.

Não haveria melhor palavra para o prazer, o envolvimento e a alegria descobertos em cada passada de dedos. Os olhos atentos correm, param, olham de novo. Mas nunca se adiantam. Uma das maravilhas é não atropelar as fases. E levar o tempo certo em cada capítulo. O ritmo é uma mistura dos envolvidos. Há uma troca. Linda, transformadora e poética. A cada virar, mais delícias, mais encantos. E mais profundos. Uma identificação crescente. Estavam ali um para outro. Não haveria melhores leitores. Não haveria melhor obra.

E no final, com a sensação boa que os finais trazem. Mas que fique claro: aqueles términos que prometem mais são os que têm esse sabor. Brinca-se com o desejado. Sente-lhe o peso. Fecha-se os olhos para sentir lá dentro parte do outro que agora é nossa, enriquecidos estamos.

E despedimo-nos. Com uma certeza a mais.

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